Ciao a tutti! Está vindo para Milão e quer planejar sua viagem sabendo quais serão os feriados por aqui? É pra já! Veja a lista com os feriados na Itália e Milão em 2022:
1 de janeiro (sábado) Capodanno o Primo dell’Anno(Ano Novo)
6 de janeiro (quinta-feira) Epifania o La Befana (Epifania ou Festa da Befana)
17 de abril (domingo) Pasqua(Páscoa)
18 de abril (segunda-feira) Lunedì dell’Angelo o Pasquetta (Segunda-feira do Anjo ou mini-páscoa)
25 de abril (segunda-feira) Festa della Liberazione(Festa da Libertação)
1 de maio (domingo) Festa del Lavoro (Dia do Trabalhador)
2 de junho (quinta-feira) Festa della Repubblica (Festa da República)
15 de agosto (segunda-feira) Ferragosto o Assunzione
1 novembro (terça-feira) Ognissanti o Tutti i Santi(Todos os Santos)
7 dezembro (quarta-feira) Sant’Ambrogio (Santo Ambrósio) *
8 de dezembro (quinta-feira)Immacolata Concezione (Imaculada Conceição)
25 dezembro (domingo) Natale (Natal)
26 de dezembro (segunda-feira) Santo Stefano (Santo Estêvão)
*feriado somente em Milão, todos os outros dias são feriados em toda a Itália.
Dia 1 de janeiro. Praticamente tudo está fechado, aproveite para conhecer as atrações ao ar livre da cidade. Pouquíssimos restaurantes funcionam, os transportes funcionam em horários reduzidos, hotéis funcionam normalmente e as igrejas abrem (mas podem sofrer alterações nos horários). Lembre-se: dia 31 de dezembro, não é feriado, então as atrações funcionam com horários reduzidos apenas.
6 de janeiro. Dia da Epifania ou dos Reis Magos e na Itália também se comemora a Festa della Befana que é uma figura muito caraterística e importante do folclore italiano, super amada por crianças e adultos. Ela é uma bruxa bondosa e toda noite do dia 5, antes de ir dormir, crianças deixam suas meias penduradas, já esperando seus docinhos. As crianças que se comportaram bem no ano anterior ganham esses doces, e aquelas que foram malcriadas e desobedientes ganham pedacinhos de carvão (por isso “docinhos de carvão” feitos de açúcar são facilmente encontrados nas lojas, tudo para pregar uma peça rs).
17 de abril. No domingo de Páscoa é hora de comer muitos ovos de Páscoa e colombas. Alguns eventos, como Mercadinhos de Páscoa fazem a cidade ficar muito divertida!
18 de abril. A Pasquetta (mini-páscoa) é a segunda-feira seguinte ao domingo de Páscoa, também chamada de “lunedì dell’Angelo” (segunda-feira do anjo) onde comemora-se a aparição do anjo anunciando a ressurreição de Cristo. Ah, e aqui na Itália, a sexta-feira santa não é feriado hein.
25 de abril. O dia da libertação da Itália, também conhecido como aniversário da libertação ou simplesmente 25 de abril, é um feriado nacional italiano que comemora o fim da ocupação nazista do país durante a Segunda Guerra Mundial.
1 de maio. Assim como no Brasil, é o Dia do Trabalhador.
2 de junho. É um dia comemorativo nacional da Itália criado para comemorar o nascimento da República Italiana. É comemorado todos os anos em 2 de junho, data do referendo institucional de 1946, bem como o aniversário da morte de Giuseppe Garibaldi.
15 de agosto. Ferragosto é o feriado mais esperado pelos italianos, ele celebra a Assunção de Maria e todo mundo aproveita para começar oficialmente as férias de verão. Praticamente tudo está fechado (tudo mesmo), então aproveite para conhecer as atrações ao ar livre de Milão e fazer nosso lindo Ensaio Fotográfico se estiver por aqui.
1 de novembro. Dia de todos os Santos e é feriado. Já o dia de finados (2 de novembro) não é feriado na Itália.
7 de dezembro. Dia de Santo Ambrósio, padroeiro de Milão (feriado só em Milão), as lojas e restaurantes do centro histórico abrem, as mais afastadas não. Além disso, é nesse dia que os milaneses montam suas árvores de Natal.
8 de dezembro. Dia da Imaculada Conceição, hora de decorar a árvore de Natal de casa para quem não é milanês.
25 de dezembro. Natal. Atrações fechadas, então aproveite para conhecer as atrações ao ar livre da cidade. Lembre-se que dia 24 de dezembro não é feriado, então o funcionamento das atrações é apenas reduzido.
26 de dezembro. Dia de Santo Estêvão, primeiro mártir do cristianismo. Em Milão, as lojas do centro já estão funcionando, assim como as Igrejas.
Ciao a tutti! A partir de 18 de setembro, para inaugurar a temporada de outono no Palazzo Reale, chegou a tão esperada exposição dedicada ao mestre do impressionismo Claude Monet. Fomos visitá-la e mostramos aqui como foi descobrir um poucos das 53 obras emprestadas do Musée Marmottan Monet de Paris, o maior núcleo da obra de Monet no mundo, fruto de uma generosa doação de Michel, seu filho, ocorrida em 1966 ao museu parisiense. Vamos lá?
A primeira coisa que devemos lembrar é que nessa mostra constam 53 obras de Monet, incluindo os seus Nenúfares (1916-1919) e o Parlamento, Reflexões sobre o Tamisa (1905). O percurso cronológico traça toda a tragetória artística do Mestre impressionista com obras que o próprio artista considerou fundamentais, privadas, tanto que as guardou em sua casa em Giverny e nunca as quis vender.
Monet, com toda sua sensibilidade, escolheu deixar seu atelier para pintar a verdade, quebrando regras. Para os impressionistas, a paisagem ou a cena da vida moderna são mais importantes do que o sujeito, ideia completamente diferente de, por exemplo, Leonardo da Vinci, onde o sujeito é sempre o protagonista de suas obras. A mostra é dividida em 7 seções e apresenta “Le Rose”, a última obra do artista, que data de 1926 (ano de sua morte aos 85 anos de idade) e representa sua última celebração. Monet sofria há alguns anos de catarata e aqui se despede com cores contagiantes, impressionantes, com frágeis rosas, das quais botões se destacam em um lindo céu azul.
O mundo de Monet, com suas pinceladas encorpadas mas muito delicadas, com aquela luz às vezes turva e às vezes ofuscante, às vezes evanescente, em uma natureza retratada sempre em seu momento mais evasivo, em uma beleza única. Durante a mostra, duas salas ainda nos permitiram mergulhar em seus quadros em um show de luzes magnífico que nos fez perder a noção do tempo. Isso tudo misturado a espelhos que nos fizeram refletir em cada obra, sob a luz e as mudanças deste que foi um dos protagonistas indiscutíveis do impressionismo: Claude Monet.
Palazzo Reale
Piazza del Duomo, 12
Por conta da emergência Covid-19 é necessária a apresentação do Green Pass ou do exame negativo feito nas últimas 48h antes da visita
Quando
de 18 de setembro 2021 a 30 de janeiro de 2022
Segunda-feira fechado
Terça, quarta, sexta, sábado e domingo, das 10h às 19h30
Quinta-feira das 10h às 22h30
A bilheteria e a entrada fecham uma hora antes
Valores
De €8 a €16
Gratuito para menores de 6 anos, que devem mesmo assim comprar o ingresso GRATUITO, selecionando-o no carrinho. Não será possível solicitá-lo diretamente na bilheteria.
Ciao! E se dissermos que é possível fazer uma visita guiada exclusiva com duração de cerca 90 minutos, durante os quais você terá a oportunidade de descobrir a Galleria Vittorio Emanuele II como nunca a viu antes? Sim, é possível e vamos te contar todos os detalhes dessa visita única, imperdível e dividida em três partes. Vamos então descobrir?
Tour Galleria inedita
O tour Galleria inedita começou a poucos dias e tivemos o prazer de participar de seu primeiro grupo de visitantes. O passeio começa nas Salas do Rei da Galleria Vittorio Emanuele onde, entre estuques e decorações do século XIX, é possível admirar uma parte da coleção do Museu Leonardo3: uma exposição única no mundo e em evolução contínua que permite descobrir construções inspiradas nos desenhos de Leonardo da Vinci, muitas delas inéditas e nunca realizadas antes.
Leonardo3 Museum: o mundo de Leonardo em Milão
O Museu Leonardo3 nasce em 2013 na entrada da Galleria Vittorio Emanuele com a piazza Scala e é uma oportunidade única e imperdível para a descoberta e estudo do gênio multifacetado de Leonardo. Aqui, é possível interagir com a produção de Leonardo da Vinci em mais de 200 máquinas 3D e reconstruções físicas funcionais.
O Manuscrito B, o Código de Voo e o Código Atlântico – que contêm a maior parte dos estudos tecnológicos, científicos e de engenharia de Leonardo – são a fonte histórica do longo trabalho de reconstrução do grande gênio. A partir da análise dos manuscritos, máquinas inéditas foram recriadas. É possível consultar os manuscritos de Leonardo da Vinci em formato digital e interagir com suas invenções de formas novas e envolventes, algumas voltadas especificamente para crianças, como o “Laboratório de Leonardo” – que permite montar invenções e imprimir seu próprio certificado de inventor.
Como já dissemos, durante o tour Galleria inedita, só uma das salas do Leonardo3 Museum é visitada, porém é possível fazer uma visita mais aprofundada e completa a todo o Museu. Vale a pena e é uma visita recomendadíssima para crianças. Nesta sala, inclusive, janelas já nos dão uma vista mágica da Galleria Vittorio Emanuele II.
Visita a Galleria Vittorio Emanuele II
Saindo da rápida visita ao Leonardo3 Museum, descemos com um guia (a visita é sempre guiada) até a Galleria Vittorio Emanuele II, onde curiosidades e segredos são contados. Entre elas: os andares superiores da Galleria inicialmente eram casas de pessoas comuns, de famílias mesmo e não eram absolutamente de luxo. A família Campari (da famosa bebida) começou seu negócio de sucesso bem onde hoje funciona o Caffè Motta e a casa da família ficava no andar superior (hoje Burger King).
Outra curiosidade é o lugar que fazia os bolos preferidos de Giuseppe Garibaldi e que ainda hoje está em funcionamento: o restaurante Biffi, bem no comecinho da Galleria Vittorio Emanuele de quem vem do Duomo. Além disso, os quatro mosaicos que decoram o teto central da Galleria representam os 4 continentes conhecidos na época de sua construção: América, Europa, Ásia e Africa… em Milão, sempre olhe para todos os detalhes do chão ao teto.
Galleria Vik Milano Hotel
Após descobrirmos diversas curiosidades de Leonardo e da Galleria, o tour termina com uma visita luxuosíssima ao Galleria Vik Milano Hotel, que fica dentro da Galleria, nos andares superiores. Um hotel de luxo, onde arte, beleza e design desempenham um papel central.
O Galleria Vik Milano tem 89 quartos e suítes com design exclusivo, lindamente decorados por 40 artistas de todo o mundo, que realçam ainda mais o rico patrimônio artístico milanês. É uma verdadeira celebração da história, cultura, arte, arquitetura e espírito através de um design distinto que destaca a arte do passado e do presente para criar uma experiência única para seus hóspedes.
Pense que uma das raras cópias oficiais de “O Pensador” do artista Auguste Rodin nos aguardo já no saguão e cada detalhe, do tapete aos corredores, das paredes, as luminárias, passando até pelos banheiros, é pensado e criado nos mínimos detalhes.
A visita passa por alguns dos mais lindos quartos do Vik, todos com vista para a magnífica Galleria Vittorio Emanuele II que é de cair o queixo. E com isso podemos afirmar: o tour Galleria inedita é um dos passeios obrigatórios para quem está em Milão.
INFORMAÇÕES ÚTEIS
Tour Galleria inedita Sextas-feiras às 18h (com o mínimo de 10 e máximo de 15 participantes)
Ingressos a €25, compre aqui
Leonardo3 Museum (é possível visitar apenas o Museu)
Aberto todos os dias das 10h às 18h
Adultos €12
Estudante € 10
7 a 18 anos € 9
Crianças até 6 anos € 1
Bilhetes família (mínimo 3 pessoas)
Adultos (até 2) € 10
Crianças de 7 até 15 anos €6
Bilhetes na bilheteria do museu ou aqui
Para visitas guiadas em português, envie um email para gruppi@leonardo3.net
Galleria Vik Milano Hotel Valores variados, para mais informações e reservas consulte o site
Ciao! Quem não conhece o Campari ou o Campari Bitter, o mítico aperitivo? Americano, Negroni, Negroni Sbagliato, Milano-Torino, Garibaldi… todos esses drinks não existiriam sem Campari! Fomos descobrir a Galleria Campari, o museu de uma das maiores e mais icônicas marcas italianas e contamos tudo. Vamos lá!
Campari nasce em Milão
Pense que não existiria Campari sem Milão e seus laços começam já no início da década de 1860, quando Gaspare Campari mudou-se da província de Novara para promover um licor de sua própria invenção à base de ervas, plantas aromáticas, frutas, álcool e água. E é aí que a história fica interessante, pois Gaspare tinha uma uma lojinha na parte da cidade onde hoje temos a Galleria Vittorio Emanuele e com o projeto de demolição dessa área para dar lugar a luxuosa Galleria, Gaspare consegue em troca uma licença para abrir suas próprias instalações na então recém-criada Galleria Vittorio Emanuele II.
Gaspare e sua família moram e trabalham no exato lugar onde atualmente é a Motta Milano 1928, bem na entrada esquerda da Galleria Vittorio Emanuele II, onde no andar térreo funcionava seu bar, a produção de Campari acontecia nos porões (até 1904, quando abrem a fábrica em Sesto San Giovanni) e no andar superior a casa da família, casa essa inclusive que nasce Davide Campari, responsável por levar a marca a excelência conhecida mundialmente. Inclusive Davide foi a primeira pessoa a nascer na Galleria Vittorio Emanuele, que honra!
E na novíssima Galleria Vittorio Emanuele, a sorte do espaço e do produto Campari é imediata, também graças a campanhas publicitárias de sucesso que iniciam uma sólida relação entre a marca e o mundo da arte que marcará toda a história da Campari. Entre as colaborações mais conhecidas podemos citar a de Cesare Tallone, autor do primeiro calendário publicitário, com Marcello Dudovich, inventor do cartaz que representa dois amantes em fundo vermelho, precursor do conceito de “paixão vermelha” ainda hoje ligado a comunicação da marca, com o futurista Fortunato Depero, inventor da garrafa monodose do Campari Soda, e muitos outros.
O que encontramos na Galleria Campari
O espaço da Galleria Campari é dedicado às marcas Campari e Campari Soda e sua comunicação através da arte e do design. A Galeria Campari nasce no prédio que de 1904 a 2005 foi sua fábrica, em Sesto San Giovanni, quando esta ainda era ainda um campo próximo a Milão (hoje Sesto San Giovanni faz parte da grande Milão), sendo assim, Mario Botta, o arquiteto que concebeu a Galeria Campari como museu, começou daqui: do passado, da fábrica, da tradição. Tanto é que a fachada que vemos hoje é a original da antiga fábrica.
Assim que você entra na Galleria Campari, uma jornada interativa irá te envolver. Aqui você encontrará uma seleção do Arquivo Campari, que reúne mais de 3.000 obras em papel, pôsteres originais da Belle Époque, pôsteres e gráficos publicitários das décadas de 1930 a 1990, carrosséis, comerciais de diretores renomados e objetos feitos por consagrados designers. A exposição é interativa e multimídia, uma delícia de se visitar assim como degustar um bom Campari.
Aberta ao público desde 2010, por ocasião dos 150 anos da empresa, a Galleria Campari é um espaço evocativo, mas também um centro de pesquisa e produção cultural, que resume muito do que tornou Milão e nosso país grandes: arte, design e capacidade de fazer negócios, onde a inovação está nas bases sólidas oferecidas por tradição, como tudo na Itália.
Temos certeza que você vai adorar a visita! Cin Cin
Informações da Galleria Campari
Onde? Viale A. Gramsci, 161 Sesto San Giovanni – Milão
Quanto? Adultos 12.00€ Crianças 6-13 anos 8.00€ Crianças 0-5 anos gratuito
A visita é sempre guiada e pode ser feita na língua italiana ou em inglês e para reservar sua visita, acesse o site www.campari.com/it
Ciao! De um lado Milão devastada pelos bombardeios da Segunda Guerra, de outro lado Milão quase irreconhecível pela epidemia de Covid 19. E é comparando estes dois eventos traumáticos que nasce a exposição fotográfica MA NOI RICOSTRUIREMO (Mas nós reconstruiremos).
Todos sabemos que Milão é uma cidade poderosa, uma das mais importantes da Europa, que já enfrentou vários períodos difíceis ao longo da história. Um desses períodos é absolutamente a sequência de bombardeios que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial, em particular os ataques de agosto do ano de 1943 que deixaram a cidade de joelhos.
No final do verão deste mesmo ano Milão estava irreconhecível, com destroços por toda parte e um grupo de fotógrafos com paciência e paixão que registrou tudo. Nos dias de hoje, mais precisamente na primavera de 2020, Milão enfrenta um novo desafio: a pandemia, que a deixa vazia, silenciosa e frágil. Durante o lockdown nasce essa exposição, com os mesmos lugares símbolos, já machucados pela guerra antes e agora machucados pelo vazio da pandemia.
Assim como a guerra, a pandemia mudou toda a rotina de milhões de pessoas, seus modos de estudar, trabalhar, consumir, comprar e viajar. Ambos os eventos, mesmo diferentes entre si, tem em comum o desejo de “voltar ao normal”, de reconstruir tudo que foi perdido, a vontade de assegurar um mundo melhor e de previnir que aconteça de novo.
Nessa exposição, vemos 70 imagens de onze lugares simbólicos de Milão, incluindo a Última Ceia, a Galeria Vittorio Emanuele, a Basílica de Santo Ambrósio, Brera e a Piazza Fontana, todos devastados pelos ataques aéreos de 1943. As imagens mostram a face de uma cidade destruída e ao mesmo tempo corajosa, com fotos cruciais que retratam seu orgulho e sua grande capacidade de renascer. Com o testemunho histórico de acontecimentos tão dramáticos, a exposição pretende, apesar da grande diferença de origens, situações e efeitos entre os dois eventos históricos, ser um estímulo para o atual recomeço de Milão.
E ainda sobre os lugares símbolos de Milão, quem não conhece o Teatro Scala, o maior teatro lírico do mundo? Bom, aqui ele aparece em escombros. A linda e dourada Galeria Vittorio Emanuele, o primeiro shopping do mundo, dessa vez é apenas um esqueleto contra o céu. E ainda nossa amada estátua em ouro que reluz sob o Duomo, a Madonnina, que ficou anos coberta por um tecido verde para não brilhar e chamar atenção para um ataque, só assim sendo salva.
Ou ainda a Última Ceia de Leonardo da Vinci que foi protegida com uma barricada desesperada, onde tudo em sua volta caiu e foi incendiado, porém ela, graças ao grande amor dos milaneses, foi salva e ainda hoje a podemos visitar. E por último, as obras da Pinacoteca di Brera, que graças a mente visionária de sua diretora Fernanda Wittgens, que solicitou e acompanhou pessoalmente o transferimento das obras da Pinacoteca a refúgios em várias partes da Itália, salvando-as todas.
Isso tudo sem nos esquecer do cotidiano dos milaneses afligidos pela guerra: as carroças que substituíram os tram porque os trilhos desses ficaram completamente destruídos, um almoço ou jantar ao ar livre, na beira da estrada, em torno de uma mesa improvisada, porque as casas não estavam mais alí, a ajuda entre os vizinhos, o olhar resignado e o silêncio, o sofrimento e o medo, a força e coragem em cada imagem.
Hoje, com as claras diferenças, nos lembramos quando saímos as ruas de Milão no dia seguinte ao fim do lockdown. O mesmo olhar resignado e o silêncio nos rostos das poucas pessoas que se aventuraram nas ruas, a força e coragem em cada rosto com máscara, o arrepio, o medo, a saudade, o amor, a vontade de revê-la, de revivê-la.
A mostra Ma noi ricostruiremo é particularmente terrível e bonita, é um soco no estômago e um alívio de esperança, tudo ao mesmo tempo. Nós moramos em Milão, a amamos e fizemos dela nossa casa, fomos acolhidos por essa cidade valente que nunca se abala, que luta e vive, que é generosa e vibrante. Essas imagens do passado e do presente, contrapostas, nos enchem de orgulho de nossa Milão, uma cidade que sempre renasce, que sempre se reconstrói. Sim, porque nós a reconstruiremos!
“MA NOI RICOSTRUIREMO. La Milano bombardata del 1943 nell’Archivio Publifoto Intesa Sanpaolo”
Onde Gallerie d’Italia – Milão
De 9 a 29 de outubro entrada pela Via Manzoni, 10 e de 30 de outubro até 22 de novembro pela Piazza della Scala, 6
Quando e que horas
A mostra vai até 22 de novembro de 2020 de terças a sextas das 11:00 às 19:00 (entrada permitida até às 17:30). Fechado às segundas-feiras
Quanto
Bilhete comum válido para visitas a exposições temporárias e coleções permanentes, que pode ser adquirido diretamente na bilheteira e no TicketOne (recomenda-se a reserva).
Ciao! Não há dúvidas de que Frida Kahlo é uma figura central da arte mexicana, ela é a mais famosa pintora latino-americana do século XX. Com o marido Diego Rivera, um dos mais importantes muralistas do México, formaram um dos casais mais emblemáticos da história da arte mundial. E a mostra Frida Kahlo “Il Caos Dentro” em Milão não pensa somente a artista Frida, mas principalmente a mulher Frida e em todos os seus diversos conflitos e problemas em sua vida que geraram um verdadeiro caos dentro dela. Fomos conferir a mostra e aqui contamos tudinho. Vamos lá!
Nascida em 1907 em Coyoacán, periferia da Cidade do México, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón herdou e fez de seus os valores da Revolução Mexicana, incluindo seu amor pela cultura popular. As canções, as roupas indígenas, os artesanatos e os brinquedos tradicionais, aliados à influência religiosa da mãe e às noções técnicas sobre a fotografia adquiridas do pai, o qual tinha um apego particular, criaram um vínculo profundo entre a sua produção artística (e portanto a sua existência) e a história do México.
Frida sempre teve um vida semeada por tragédias: aos seis anos de idade contrai poliomielite, uma doença que deixaria seu pé e perna direita deformados, fazendo com que seu apelido na infância fosse “pata de palo” (perna de pau). Essa deformidade a faz mancar pelo resto de sua vida.
Aos 18 anos, Frida ainda sofre um grande acidente que mudaria mais uma vez sua vida: o ônibus em que viajava colidiu com um bondinho. Várias fraturas na coluna, vértebras lombares e osso pélvico, bem como um ferimento penetrante no abdômen fazem com que Frida passe por uma longa convalescença que a dá tempo para se dedicar à pintura. Porém, as consequências desse grave acidente tornaram a sua existência bastante atormentada, na verdade, Frida teve vários abortos espontâneos e enfrenta mais de trinta operações. Todos esses acontecimentos infelizes ela representa em suas pinturas, dos quais também vaza a imensa dor interior causada pelas constantes traições de Diego Rivera, seu marido.
A obra de Frida tem raízes na tradição popular, mas também nas experiências de vida e nos sofrimentos sofridos, que ela consegue exprimir com extraordinário talento: o caos interior e o labor existencial exprimem-se numa produção artística excepcional, capaz de transcender todas as épocas e fronteiras. E não só. Na verdade, são constantes as referências a um México que passa por profundas transformações sociais, políticas e culturais, as mesmas que o teriam conduzido à modernidade do século XX. A exposição “Frida Kahlo – O caos interior” é uma viagem sensorial que, com o apoio da tecnologia, dá a oportunidade de observar de perto a vida e obra de Frida, sua relação conturbada com Diego Rivera, seu quotidiano e os elementos da cultura popular tão caros a artista.
Imperdível.
Frida Kahlo Il Caos Dentro
Fabbrica del Vapore – Via Giulio Cesare Procaccini, 4
Ciao a tutti! Maranello é uma cidade da província de Modena que fica na região da Emilia-Romagna (duas horinhas de Milão) e tem uma característica muito especial: é a casa da Ferrari, uma das marcas mais prestigiadas e importantes da Itália e do mundo. Visitar o lindo Museu da Ferrari é um sonho para todos os apaixonados pelo escuderia do cavalinho. Nós realizamos esse sonho e contamos para vocês como é o Museu Ferrari em Maranello!
O Museu Ferrari
O Museu da Ferrari é uma exposição emocionante que nos leva ao passado, presente e futuro do Cavallino e é dividido em duas partes: uma permanente e outra com exposições temporárias (para saber qual a mostra temporária no momento de sua visita, acesse o site do Museu Ferrari aqui).
Um verdadeiro guardião do mito, o Museu da Ferrari em Maranello é a exposição oficial da empresa e é visitado todos os anos por mais de 200.000 entusiastas de todo o mundo. Nele encontramos carros, imagens e troféus que escreveram a história da Scuderia del Cavallino e que reuniram muitos sucessos comerciais e esportivos em mercados e circuitos em todo o mundo.
O Museu é muito organizado, explicativo e está estruturado em quatro áreas temáticas: Fórmula 1, Carros Esportivos, Protótipos Esportivos e mundo GT. Isso tudo não nos esquecendo da Sala das Vitórias, que celebra os sucessos mais recentes da Scuderia através de uma visão geral dos carros campeões mundiais de 1999 a 2008, juntamente com mais de 110 troféus e os capacetes originais dos 9 pilotos Campeões do mundo na história da equipe. A Sala das Vitórias é uma das mais interessantes partes do Museu, nela conseguimos comparar a evolução das corridas, dos trajes dos pilotos, dos carros, tudo!
Naturalmente a exposição dos automóveis Ferrari é uma das partes mais esperadas e prestigiadas do Museu, já que oferece cerca de 40 modelos, escolhidos em rodízio entre todos os automóveis da história da Ferrari, graças ao patrimônio da empresa e colaboração com os mais importantes museus automotivos italianos e internacionais, além de colecionadores de todo o mundo.
No Museu da Ferrari inclusive está a reconstrução do primeiro escritório Modenês de Enzo Ferrari, onde em 1929 começou o mito do Cavalo Vermelho (lembrando que o escritório de verdade ainda está intacto no Museu Enzo Ferrari em Modena. Além disso, o espaço expositivo do museu é enriquecido por mais de 500 metros quadrados de serviços, incluindo uma grande loja com merchandising oficial da Ferrari, uma livraria e claro, uma cafeteria.
Test drive a bordo de uma Ferrari
Sim, foi isso mesmo que você leu: em Maranello é possível dirigir o carro com que sempre sonhou. O test drive consiste em dirigir uma Ferrari à sua escolha entre diferentes modelos (o preço varia conforme o carro escolhido e a duração do test) e é acompanhado por um instrutor especializado que lhe ensinará os truques para conduzir da melhor forma sua Ferrari e estará sempre à sua disposição em caso de dúvidas e necessidades.
Um test drive de 20 minutos por exemplo, custa em média 120 euros e no final você pode comprar a sua fotografia a bordo da Ferrari conduziu ou ainda o dvd com o registo do seu test drive (dentro do carro tem uma câmara que regista toda a sua viagem).
Em Maranello existem várias operadoras que oferecem este serviço de Test drive e uma delas fica bem do lado da entrada do Museu Ferrari.
Museo Ferrari Maranello
Via Alfredo Dino Ferrari, 43, 41053 Maranello (Modena)
Horário de funcionamento
Outubro / Março das 10 às 18
Abril / Setembro das 9.30 às 19
O Museu fecha nos dias 25 de dezembro e 1 de janeiro
Bilhetes Museu Ferrari Maranello 17,00€
Estudantes e maiores de 65 anos 15,00€
Menores de 10 anos (acompanhados pelos responsáveis) 7,00€
Musei Ferrari Pass (Maranello + Modena) 24,00€
Menores de 19 anos (acompanhados pelos responsáveis) 10,00€
Ciao! Milão é uma cidade com muitas atrações, para todos os gostos. Algumas delas, inclusive, só os moradores conhecem e passam despercebido por turistas que nos visitam o ano todo. Só que essa atração que vamos te contar, praticamente nem os moradores conhecem: a calçada da fama de Milão!
Se estivéssemos em Los Angeles, todos estariam fazendo fila para serem fotografados ao lado das mãozinhas famosas de Hollywood. Já em Milão a coisa é bem diferente. Sophia Loren, Sylvester Stallone, Sharon Stone, Patrick Swayze, Kirk Douglas, Arnold Schwarzenegger e muitos outros VIPs cravaram suas patinhas na calçada da fama de Milão, e ninguém liga!
A calçada da fama de Milão é hoje um corredor de passagem entre prédios empresariais, onde bicicletas são estacionadas em cima, pessoas ficam paradas sem nem se dar conta do que está ali sob seus pés, tem até um café que tem suas mesas em algumas das assinaturas. Inclusive algumas das placas já estão totalmente desgastadas pelo tempo.
Aí você deve estar se perguntando o porquê dessa calçada. Bom, este prédio já foi a sede de uma revista semanal chamada “TV Sorrisi e Canzoni”, criadora da “Notte dei Telegatti” (Noite dos Telegatos) uma premiação tipo o Troféu Imprensa do Brasil, só que o prêmio era um Telegatto. Sim, um troféu em forma de gato (seja lá o motivo disso) e essa calçada nasceu para dar aquele plus a premiação e a sede da revista.
Arnold Schwarzenegger com o seu Telegatto
Claro que a calçada da fama em Milão teve a melhor das intenções e várias patinhas VIPs, porém a premiação não existe mais e a calçada está ali praticamente abandonada. E olha que ela fica a poucos metros de Duomo hein, bem no centro!
Ficou curioso? Vindo pra Milão, dê uma passadinha por ali e tire uma foto com uma das famosas mãozinhas.
E falando em foto, aproveite e saiba mais sobre nossos ENSAIOS FOTOGRÁFICOS EM MILÃO! Leve para casa as mais lindas recordações!
Ciao a tutti! O Forte Montecchio Nord fica em Colico, a 1h30 de Milão e é a fortaleza mais bem preservada da Primeira Guerra Mundial em toda a Europa. Fomos visitá-lo e contamos tudo aqui para vocês. Vamos lá!
Colico é uma comuna italiana da Lombardia, fica na província de Lecco e tem cerca de 7.700 habitantes. Ela foi escolhida precisamente pela sua ótima posição estratégica, pois fica bem na “encruzilhada” entre a Suíça, Val Chiavenna e Trentino Alto Adige (ou seja, pra Áustria), neutralizando qualquer “acesso indesejado” e fechando a rota para o sul, ou seja, a rota que leva a Milão. A visita ao forte permite hoje observar as soluções arquitetônicas, técnicas e organizacionais, algumas das quais realmente inovadoras para a época, adotadas no início do século na construção de fortes militares.
Construído entre 1912 e 1914, o Forte Montecchio Nord é o único forte militar italiano da Grande Guerra que ainda preserva seu armamento original e é o mais bem preservado da Europa. Sua área inclui duas praças militares: uma inferior e outra superior, um corpo principal e a bateria, um edifício de concreto revestido de granito de San Fedelino, dividido em dois andares. No primeiro andar fica o gerador (um gerador com sistema de redução de fumaça) e alguns armazéns, enquanto no segundo andar fica a sala de controle, além das cúpulas blindadas dos quatro canhões 149S: ainda mantidos em plena eficiência pelo Museu da Guerra Branca e que poderia disparar com precisão a mais de 14 quilômetros de distância.
No Forte também é possível visitar um paiol de pólvora escavado a sessenta metros na montanha e que está conectado à bateria por meio de um corredor blindado. E além do paiol, o alojamento que foi dos soldados italianos na Primeira Guerra e dos soldados italianos e alemães na Segunda Guerra também está ali, intacto, junto a casa de máquinas, rampas de transporte das bombas, comunicadores e todo os intrumentos de guerra e do dia a dia dos soldados.
É interessante ver o quão organizado era o Forte, que foi “escavado” dentro da montanha e é tão bem localizado e escondido que é impossível vê-lo de longe. Nós tentamos achá-lo… nadinha. Nem precisamos dizer o quanto esse Forte é interessante de se visitar por toda sua história e claro, por seu incrível panorama do Alto Lario com vista para a Reserva Natural Pian di Spagna, Lago Mezzola, Foz do Adda e Monte Legnone.
Nem precisamos dizer o quanto esse Forte é interessante de se visitar por toda sua história. Inclua em seu roteiro de bate e volta saindo de Milão.
Valores
Inteiro 8,00 €
Meia 5,00 € (6 a 17 anos)
Gratuito (até 5 anos)
Os bilhetes estão disponíveis apenas na bilheteria. As visitas começam a cada 1 hora.
A visita é sempre guiada e em grupo com duração máxima de 1 hora, em italiano. Para outras línguas, verifique se é possível, por email e com antecedência, direto com o Forte.
Horário
O horário de abertura do Forte Montecchio Nord muda bastante de acordo com os meses, consulte aqui os horários
Endereço
Forte Montecchio Nord Via alle Torri 8 Colico – Lecco
Como chegar Saindo de Milão é possível chegar no Forte Montecchio Nord de carro ou de trem. Se sua opção é ir de trem, pegue o Trenord na Estação Central de Milão ou na Estação Porta Garibaldi em direção a Estação Colico. O Forte fica a 10 minutos da estação a pé e o bilhete custa em torno de 7,30 € o trecho, por pessoa.
Ciao a tutti! A Pinacoteca di Brera absolutamente está entre os museus mais importantes da Itália, com obras de arte de artistas italianos da Lombardia, Vêneto e outras regiões. Na Pinacoteca temos tantas obras importantes e interessantes que chega a ser um pouco difícil estabelecer o que seria prioridade, mas nós tentaremos sugerir 9 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera para quem a visita pela primeira vez. Vamos lá!
Napoleão como Marte Pacificador (Antonio Canova)
A primeira obra de arte que você verá, querendo ou não, na Pinacoteca é a de Napoleão em vestes de Marte Pacificador. Isso porque ela já fica na entrada, ainda no pátio, grande, imponente e quase completamente nu! Ela é a uma segunda versão da escultura realizada em mármore de Carrara pelo grande artista italiano Antonio Canova (um dos maiores escultores e arquitetos de sua época) para o então Imperador francês Napoleão Bonaparte (essa estátua hoje é visível em Londres).
Essa estátua acabou fazendo muito sucesso, tanto que em 1807 Eugene of Beauhrnais (vice-rei do Reino Itálico) encomendou a Canova uma réplica, mas agora em bronze. O artista assim prepara 5 estátuas de gesso (uma cópia iria para a fundidora do cobre, uma para Nápoles, uma para Lucca, uma para a França e por último, uma para biblioteca da Universidade de Pádua que após uma série de reviravoltas, chega a Milão, onde está ainda hoje dentro da Pinacoteca e seria a 10 obra de arte imperdível da Pinacoteca di Brera.
O bronze necessário para a construção da estátua foi obtido a partir dos canhões do Castel Sant’Angelo de Roma. Quando a nova estátua de bronze de Napoleão ficou pronta e chegou a Milão, os problemas começaram: onde colocá-la? Várias foram as propostas, incluindo a Piazza del Duomo, porém em 1857, um pedestal foi feito a fim de manter a estátua nos jardins públicos. Só em 1859, finalmente ela foi posicionada onde a vemos hoje: no pátio da Pinacoteca di Brera.
Curiosidade: em 1978 a vitória alada que fica na mão de Napoleão foi roubada e o que vemos hoje é uma cópia moderna.
Cristo Morto (Andrea Mantegna)
O Cristo Morto de Andrea Mantegna, provavelmente do ano de 1483, é com certeza uma das obras imperdíveis da Pinacoteca di Brera. A pintura é famosíssima pela figura do corpo de Cristo deitado, uma das primeiras obras a instituir este tipo de representação de Jesus. É reconhecida como uma das obras mais importante da Renascença italiana e devido ao virtuosismo de perspectiva apresentado no quadro, considera-se o seu enquadramento algo inovador para a época.
O corpo de Cristo na obra está indefeso sobre uma laje de pedra fria coberta com um lençol. Somente um tecido leve protege seu corpo e seus pés permanecem expostos mostrando suas feridas. A cabeça de Jesus repousa sobre uma almofada retangular enquanto os braços estão abandonados nas laterais. À direita, na lateral do travesseiro, um recipiente é visível com o que será usado para preparar o corpo para o enterro. À esquerda, no topo da pintura, estão aqueles enlutados que choram e vigiam o corpo. Provavelmente são Maria, São João e Madalena. A Virgem enxuga as lágrimas com um lenço. O jovem apóstolo cruza as mãos e Madalena está nas sombras. Absolutamente uma das 10 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera.
O Casamento da Virgem (Raffaello Sanzio)
O casamento da Virgem é uma obra prima do mestre Rafael que remonta a 1504 e retrata o momento em que Maria recebe a aliança de São José. As figuras por trás são todos os pretendentes da Virgem Maria e cada um deles tinha um graveto na mão, esperando por uma espécie de sinal divino, mas apenas o graveto de São José floresceu e o resto da história todos já sabemos.
Perceba porém que a virgem parece muito jovem. O cabelo é recolhido em um penteado muito modesto. Além disso, uma fita transparente é enrolada na nuca. Maria usa um vestido vermelho e uma capa azul escura que envolve quase toda sua figura. O padre, no entanto, veste um grande vestido cerimonial com decorações douradas. Seu rosto antigo é emoldurado por uma longa barba dividida em duas partes. Lindo, impactante como toda obra de Rafael e uma das 10 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera.
O Beijo (Francesco Hayez)
Essa obra tornou-se um dos ícones mais representativos dos amantes, bem como um manifesto real do movimento artístico do romantismo italiano. Hayez, graças ao sucesso de sua obra, propôs alguns anos depois três versões diferentes, cada uma com algumas pequenas alterações.
A pintura foi encomendada a Francesco Hayez por um nobre, o conde Alfonso Maria Visconti de Saliceto, que o contratou para representar através da pintura as esperanças associadas à aliança entre a França e o reino da Sardenha (daí a coloração vermelha e azul das roupas) e serviria para adornar sua residência, até que em 1886, um ano antes de sua morte, decidiu doar a tela para a Pinacoteca di Brera em Milão, onde ainda é exibida na sala XXXVII.
O trabalho representa uma situação íntima entre dois filhos apaixonados, apanhados quando trocam um beijo muito íntimo, delicado e intenso. Observando melhor as roupas dos dois sujeitos retratados, percebemos que o vestido de seda azul da mulher é do estilo do século XIX, enquanto a do homem parece ser de estilo mais antigo, talvez até medieval. Até o cenário ao fundo nos ajuda a perceber o período histórico, um passado medieval e cavalheiresco.
Esta cena que está ocorrendo entre os dois dentro das paredes parece estar suspensa no tempo, bloqueada em uma atmosfera romântica, sensual e apaixonada. Aparentemente, a cena parece ser pacífica e serena, mas, pelo contrário, você sente uma tensão e instabilidade física já que ele, descansando a perna esquerda no primeiro degrau da escada de pedra, deixa descoberto o punho de uma adaga, visível de baixo da capa. Isso revela o verdadeiro significado da cena e da pintura; não é um momento sentimental simples, mas uma partida.
Existem muitos significados ocultos em O Beijo como por exemplo, a sua mensagem política. O homem que cumprimenta a mulher com um beijo rápido e apaixonado parece retratar um jovem patriota voluntário antes de lutar por sua terra. Não é por acaso que a pintura foi produzida em 1859, o segundo ano da Guerra da Independência. Até a figura perturbadora na penumbra despertou múltiplas interpretações, há quem acredite que a presença desconhecida possa representar um homem com a intenção de espionar furtivamente a cena, um conspirador que está esperando o parceiro iniciar a ação ou simplesmente que é uma empregada.
A Ceia em Emaús (Caravaggio)
Nossa obra preferida da Pinacoteca. Representa o momento exato em que Cristo, depois de ressuscitado, aparece em visão para alguns apóstolos. Há outra versão da pintura, feita em 1601, preservada na Galeria Nacional de Londres.
A obra coincide com um momento muito delicado para o pintor: estamos no verão de 1606. Aos 35 anos, Caravaggio está em Roma, onde finalmente está alcançando fama e sucesso: mas de repente tudo muda. O pintor se envolve em uma luta durante a qual ele atinge seu rival até a morte e teve que fugir. Além disso, ele ficou gravemente ferido durante esse confronto. A partir de então, ele será procurado como assassino e terá que levar uma vida fugitiva. A pintura provavelmente foi feita enquanto Caravaggio estava escondido nos feudos campestres, esperando para curar e se mudar para Nápoles.
A pintura conta um episódio do Evangelho que ocorre logo após a ressurreição de Jesus, em uma estalagem em Emaús, um local não muito longe de Jerusalém. Depois de partir o pão, ele o abençoa com o mesmo gesto feito durante a Última Ceia, e assim é reconhecido pelos dois discípulos reunidos. O rosto de Cristo está meio deixado na sombra e expressa um sentimento de melancolia muito forte. A emoção é inteiramente confiada aos rostos e atitudes dos personagens.
Curiosidade: há quem diga que, na figura de Cristo, Caravaggio se retratou.
A Flagelação de Cristo (Luca Signorelli)
A Flagelação de Cristo é uma linda obra de Luca Signorelli, que fez parte do seleto grupo de artistas chamados a Roma pelo Papa Sisto IV para decorar com afrescos a Capela Sistina no Vaticano. Nessa obra, Cristo é retratado no centro, amarrado a uma coluna encimada por uma estatueta de bronze junto a outras figuras, caracterizadas por um grande dinamismo.
Repare que Cristo está sempre imóvel na coluna, mas ao seu redor uma série de caracteres são organizados de maneira desordenada e, além disso, os dois flagelantes, com as costas arqueadas (do qual podemos ver um ótimo estudo de anatomia, uma das principais características do estilo de Luca Signorelli), quase parecem dois atores de teatro a contribuir para tornar a cena de Luca mais impactante. Este é um sinal de que, a partir dos anos oitenta do século XV, há uma impaciência em relação às regras e esquemas harmoniosos e compostos do início da Renascença. Extremamente inovador para sua época.
Cristo na Coluna (Bramante)
O trabalho do grande mestre Bramante apresenta uma grande tensão emocional e apresenta Cristo à coluna diretamente em primeiro plano, em contato direto com o visitante. Seu corpo é perfeito, musculoso, esculpido, poderoso, clássico, que amarrado à coluna parece vir em nossa direção. A coluna é decorada com os clássicos motivos florais renascentistas que também encontraremos na sacristia de Santa Maria preso San Satiro, ainda em Milão, e em muitas outras obras.
É um trabalho que mexe com você, impossível ser indiferente a ele, são olhos e lágrimas que não são facilmente esquecidos quando você sai da sala. A corda é apertada ao redor do pescoço (observe o realismo) a tal ponto que o rosto é cinza, contrastando fortemente com a pele rosácea do resto do corpo. A mesma corda apertada no braço, entre a clavícula e o pescoço, um sinal evidente de fricção. A coroa de espinhos afunda na cabeça e uma corrente de sangue cai da linha do cabelo. A testa enrugada e o rosto semi-iluminado revelam uma lágrima quase invisível que cai e se aproxima daquele rosto esculpido pela paixão. Lindo.
Pietà (Giovanni Bellini)
Bellini é um pintor extraordinário. Impossível tirar os olhos do rosto de uma mãe que toca seu filho, tornando-se uma representação universal do tormento de uma mãe que chora por ele. É como se a Virgem estivesse procurando uma última olhada nos olhos fechados de Cristo. Como se tentasse perceber seu último suspiro com os lábios semicerrados. Todo o resto é perfeição. As mãos, muito brancas de Cristo, rosadas, as de Maria. Barbas e cabelos. A fina tira de sangue na mortalha de Jesus. O desenho, como não cansamos de dizer, é do mestre Bellini. A escolha de ter como pano de fundo, dos ombros para cima, e apenas um céu cinzento tira qualquer distração do espectador e te leva ainda mais para as figuras dos personagens.
Reencontro do corpo de São Marcos (Tintoretto)
Esta tela de Tintoretto é muito particular devido à sua forma quadrada, geometricamente perfeita. Como se isso não bastasse, essa perfeição se deve ao fato de que, provavelmente, o artista criou um modelo de madeira para estudar luzes e sombras. A cena representa a aparição de São Marcos aos dois comerciantes, que procuram o cadáver do santo nas catacumbas de Alexandria, no Egito. Mas qual é o túmulo certo? Aqui, então, é que São Marcos indica o sarcófago que contém os restos de sua existência terrena. E seu corpo está deitado no chão, em primeiro plano, à esquerda em um vislumbre ousado. Em primeiro plano, à direita, uma pessoa (o personagem vestido de preto) se contorce e o fio de fumaça que sai de sua boca representa o diabo expulso.
No centro está um dos comerciantes que olha implorando para a figura do santo a iluminar a cena com uma luz ofuscante. No fundo, uma luz sulfurosa raspa os arcos da catacumba e ilumina os fios prateados das teias de aranha fantasmagóricas. A perspectiva com um ponto de fuga fora da pintura aumenta o drama e a teatralidade, e os ladrilhos quadriculados podem ser vistos sob a cortina dos personagens. Aqui está o método Tintoretto: primeiro construa a arquitetura e depois coloque os caracteres. Precisamente isso.
Anote então quais as 9 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera para sua próxima visita!
Atenção: devido a emergência do Covid-19, durante todo verão 2020 as visitas devem ser agendadas com antecedência aqui e são gratuitas também por todo o verão 2020
A Pinacoteca abre todos os dias das 9h30 às 18h30 (exceto segunda-feira), com última entrada as 17h