Ciao! De um lado Milão devastada pelos bombardeios da Segunda Guerra, de outro lado Milão quase irreconhecível pela epidemia de Covid 19. E é comparando estes dois eventos traumáticos que nasce a exposição fotográfica MA NOI RICOSTRUIREMO (Mas nós reconstruiremos). 

Todos sabemos que Milão é uma cidade poderosa, uma das mais importantes da Europa, que já enfrentou vários períodos difíceis ao longo da história. Um desses períodos é absolutamente a sequência de bombardeios que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial, em particular os ataques de agosto do ano de 1943 que deixaram a cidade de joelhos.

No final do verão deste mesmo ano Milão estava irreconhecível, com destroços por toda parte e um grupo de fotógrafos com paciência e paixão que registrou tudo. Nos dias de hoje, mais precisamente na primavera de 2020, Milão enfrenta um novo desafio: a pandemia, que a deixa vazia, silenciosa e frágil. Durante o lockdown nasce essa exposição, com os mesmos lugares símbolos, já machucados pela guerra antes e agora machucados pelo vazio da pandemia.

Assim como a guerra, a pandemia mudou toda a rotina de milhões de pessoas, seus modos de estudar, trabalhar, consumir, comprar e viajar. Ambos os eventos, mesmo diferentes entre si, tem em comum o desejo de “voltar ao normal”, de reconstruir tudo que foi perdido, a vontade de assegurar um mundo melhor e de previnir que aconteça de novo. 

Nessa exposição, vemos 70 imagens de onze lugares simbólicos de Milão, incluindo a Última Ceia, a Galeria Vittorio Emanuele, a Basílica de Santo Ambrósio, Brera e a Piazza Fontana, todos devastados pelos ataques aéreos de 1943. As imagens mostram a face de uma cidade destruída e ao mesmo tempo corajosa, com fotos cruciais que retratam seu orgulho e sua grande capacidade de renascer. Com o testemunho histórico de acontecimentos tão dramáticos, a exposição pretende, apesar da grande diferença de origens, situações e efeitos entre os dois eventos históricos, ser um estímulo para o atual recomeço de Milão. 

E ainda sobre os lugares símbolos de Milão, quem não conhece o Teatro Scala, o maior teatro lírico do mundo? Bom, aqui ele aparece em escombros. A linda e dourada Galeria Vittorio Emanuele, o primeiro shopping do mundo, dessa vez é apenas um esqueleto contra o céu. E ainda nossa amada estátua em ouro que reluz sob o Duomo, a Madonnina, que ficou anos coberta por um tecido verde para não brilhar e chamar atenção para um ataque, só assim sendo salva. 

Ou ainda a Última Ceia de Leonardo da Vinci que foi protegida com uma barricada desesperada, onde tudo em sua volta caiu e foi incendiado, porém ela, graças ao grande amor dos milaneses, foi salva e ainda hoje a podemos visitar. E por último, as obras da Pinacoteca di Brera, que graças a mente visionária de sua diretora Fernanda Wittgens, que solicitou e acompanhou pessoalmente o transferimento das obras da Pinacoteca a refúgios em várias partes da Itália, salvando-as todas. 

Isso tudo sem nos esquecer do cotidiano dos milaneses afligidos pela guerra: as carroças que substituíram os tram porque os trilhos desses ficaram completamente destruídos, um almoço ou jantar ao ar livre, na beira da estrada, em torno de uma mesa improvisada, porque as casas não estavam mais alí, a ajuda entre os vizinhos, o olhar resignado e o silêncio, o sofrimento e o medo, a força e coragem em cada imagem. 

Hoje, com as claras diferenças, nos lembramos quando saímos as ruas de Milão no dia seguinte ao fim do lockdown. O mesmo olhar resignado e o silêncio nos rostos das poucas pessoas que se aventuraram nas ruas, a força e coragem em cada rosto com máscara, o arrepio, o medo, a saudade, o amor, a vontade de revê-la, de revivê-la. 

A mostra Ma noi ricostruiremo é particularmente terrível e bonita, é um soco no estômago e um alívio de esperança, tudo ao mesmo tempo. Nós moramos em Milão, a amamos e fizemos dela nossa casa, fomos acolhidos por essa cidade valente que nunca se abala, que luta e vive, que é generosa e vibrante. Essas imagens do passado e do presente, contrapostas, nos enchem de orgulho de nossa Milão, uma cidade que sempre renasce, que sempre se reconstrói. Sim, porque  nós a reconstruiremos! 

“MA NOI RICOSTRUIREMO. La Milano bombardata del 1943 nell’Archivio Publifoto Intesa Sanpaolo”

Onde
Gallerie d’Italia – Milão

De 9 a 29 de outubro entrada pela Via Manzoni, 10 e de 30 de outubro até 22 de novembro pela  Piazza della Scala, 6

Quando e que horas

A mostra vai até 22 de novembro de 2020 de terças a sextas das 11:00 às 19:00 (entrada permitida até às 17:30). Fechado às segundas-feiras

Quanto

Bilhete comum válido para visitas a exposições temporárias e coleções permanentes, que pode ser adquirido diretamente na bilheteira e no TicketOne (recomenda-se a reserva).

De 9 a 29 de outubro de 2020
Inteira 5,00 € 

Ingresso gratuito para menores de 18 anos

De 30 de outubro a 22 de novembro de 2020 

Inteira 10,00 € 

Ingresso gratuito para menores de 18 anos

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