As praias gregas são uma coisa particular. A partir de 2001 a Grécia passou a privatizar algumas de suas praias, ainda existem praias gratuitas e livres ao público, mas a maioria delas não tem infraestrutura nenhuma. E com a crise do país algumas dessas praias privatizadas foram abandonadas por falta de dinheiro. Nós aproveitamos um final de semana em Atenas para conhecer uma dessas praias privatizadas abandonadas em Voula que fica no sul de Atenas, mais ou menos uns 20 km do centro da cidade.
Para chegar a praia pegamos o ônibus de linha azul A2 na Praça Syntagma. Compramos na máquina de auto-atendimento do Metrô o bilhete válido para o dia todo em todos os meios de transporte que custou 4,50€. A viagem durou 1h05 e descemos na parada Voula. Aí chega o problema: a orla é toda fechada. Mas conseguimos ver de longe um senhor com uma máquina fotográfica dentro da praia e percebemos que tem uma “entrada” por uma grade aberta do antigo lounge.
Entramos. Um grupo de crianças brincando na água, o homem tirando fotos, nós dois e só. Água super limpa, transparente, geladinha. A praia é lindíssima, sem quase ninguém e olhando para a areia vimos cadeiras, guarda-sóis, o bar… todos abandonados. É um verdadeiro contraste aquela praia linda com esse abandono. Não é perigoso nem nada, apenas o lounge não funciona mais. Viajar não é apenas circuito turístico e vendo essa praia dá pra entender bem o que anda acontecendo com a Grécia: tudo é muito bonito e em crise. Viajar é antes de tudo conhecer o lugar a que se encontra.
Essa praia fazia parte do roteiro turístico de Atenas a poucos anos. Fazendo uma busca na internet vimos que ainda em 2016 essa praia funcionava com seu lounge cheio de turistas pagando entrada, comendo, tirando mil fotos, tudo novo e funcionando. Agora em 2019, esse lounge está fechado sem parecer ter um previsão de volta e nenhum turista por perto, apenas moradores.
Fomos para conhecer a praia e molhar os pés naquele calor que estava Atenas. Decidimos de última hora fazer essa visita e não levamos roupa de banho na mala. A vontade era ficar o dia todo ali, a água é uma delícia e o silêncio daquela praia a poucos quilômetros da cidade deixava a experiência ainda mais interessante.
Se tiver interesse em conhecer essa praia, esqueça as famosas Santorini e Mikonos. Em Voulas o sentimento é outro, de tranquilidade e estranheza, junto a uma água que te faz sonhar em morar num barco. Até mais.
Muito se engana quem pensa que Grécia são apenas as ilhas. Atenas é uma cidade muito bacana de conhecer, com pessoas muito gentis e ótima comida. Adoravamos estudar mitologia grega nas aulas de história do colégio e foi bem bacana ver de perto todos aqueles templos e aquela atmosfera que se mantém divina na Acrópole. Esse com certeza não é o guia definitivo da cidade, mas o que fizemos nos 3 dias que ficamos na cidade contamos aqui, e temos certeza que você vai se divertir muito!
Do nosso hotel dava pra ver a Acrópole e indo em sua direção se percebe o quanto é alta em relação a cidade. Para chegar até ela são algumas (muitas) escadas por dentro das ruas que circulam sua colina e esse já é um passeio muito interessante com todas aquelas casinhas brancas de janelas azuis e muitas flores. Mas se prepare, a subida cansa! Chegamos cedo na Acrópole e a fila estava pequena, não demorou nem meia hora e o bilhete custa 30€ por pessoa e permite visitar mais 5 outras atrações por 5 dias. Pagando 20€ a visita é só na Acrópole.
Compramos os bilhetes e entramos, sempre tem bastante escadarias e Atenas é bem quente, então use roupas e sapatos confortáveis, chapéu, protetor solar e leve água. Sua visita será muito mais agradável assim.
O que sobrou do Teatro de Dionísio é uma das primeiras coisas que vimos quando entramos na Acrópole, esse teatro é o mais importante dos teatros da Grécia antiga, considerado o berço do teatro ocidental e da tragédia. Seu nome é dado a Dioniso, deus do vinho, sempre relacionado a diversão e como eu disse, não sobrou muita coisa dele. Aliás quando se visita cidades como Atenas e Roma não dá pra esperar construções muito inteiras, use a imaginação.
O Teatro de Odeão de Herodes Ático foi construído em 161 d.C por Herodes Áticos em memória de sua esposa Aspasia Annia Regilla e está em uma melhor situação porque em 1950 foi reformado com mármore pentélico e tem sido o principal local do Festival de Atenas, que acontece de junho a setembro de cada ano, com uma grande variedade de artistas gregos e internacionais.
O Templo de Atena Nike. Nesse local eram feitos cultos e homenagens a divindades. Assim, construíram uma pequena estrutura de madeira para Atena Nike, que foi destruída pelos persas em 480 a.C. Então, sobre os destroços, os gregos fizeram um lindo templo de mármore que ficou pronto em 420 a.C. No entanto, os turcos voltaram a demoli-lo (poxa!) no ano de 1686 para usar suas pedras. O que está na Acrópole atualmente é uma reprodução feita em 1834, o que não tira o brilho de ser um lindo templo a deusa que dá nome a cidade.
Templo de Erecteion, consagrado a Atena e a Poseidon e tem as famosas Cariátides, figuras femininas esculpidas usadas no lugar dos pilares nas construções. Infelizmente essas da Acrópole atualmente não são originais. Em 1979, elas foram substituídas por reproduções para que pudessem ser mantidas em segurança e hoje são atração dentro do museu da Acrópole. Além disso, a sexta cariátide está instalada no Museu Britânico, em Londres, que a “adquiriu” quase dois séculos atrás, depois de Lorde Elgin, embaixador britânico para o Império Otomano serra-la e usar para decorar sua mansão na Escócia antes de vender as peças para pagar suas dívidas.
E por fim o Partenon, consagrado à deusa Atena Parthenos (quase tudo na cidade é para ela, não só o nome). Ele é lindo de ver mesmo quase destruído e tem uma história tumultuada, já foi igreja bizantina e em 1458 foi transformado em uma mesquita. Em 1687 foi utilizado como paiol pelos turcos, os explosivos sofreram uma detonação e o Partenon pagou as consequências. Mais tarde, entre 1801 e 1803, os ingleses roubaram grande parte dos detalhes decorativos do Partenon e, longe de devolvê-los aos legítimos donos, essas peças ainda são exibidas em museus como o Museu Britânico de Londres. Já visitamos esse Museu e garantimos que as peças ficam melhores em Atenas.
Saindo da Acrópole, aproveitamos a descida de volta a cidade e vimos a Church of the Metamorphosis, localizada na rua Kydathineon. Remontando ao início do século XI, esta igreja bizantina quadrada de quatro naves sofreu muitas renovações esteticamente questionáveis ao longo dos anos, que enfraqueceram grandemente sua aparência bizantina. Originalmente dedicada à Virgem Maria, funcionou como uma igreja russa de 1847 a 1855. Enquanto os afrescos do século XVIII ainda são visíveis na igreja, seus preciosos afrescos bizantinos foram perdidos. A igreja ainda tem alguns ícones verdadeiramente notáveis, como a Virgem do século XIV e outros artefatos religiosos raros.
Na sequência veio o elegante bairro de Plaka, também conhecido como o Bairro dos Deuses devido à sua proximidade com a Acrópole. Plaka é o bairro mais antigo de Atenas, além de uma das zonas mais atrativas e animadas da cidade, com os restaurantes e lojas mais legais. É a parte da cidade que ficam os turistas e com certeza você também vai querer conhecer.
Aproveitando que estávamos em Plaka, já conhecemos a Ágora Romana, que sua época dourada, ocupava um espaço retangular de 100 metros quadrados, com diferentes comércios, o mercado e as latrinas públicas. Além da quase intacta Torre dos Ventos, um edifício poligonal do século II a.C. construído com mármore, que foi utilizado como relógio público solar e hidráulico. O edifício se conserva em perfeitas condições graças ao fato de ter sido usado como capela no século VI. Todo o resto da Ágora está quase destruído.
Uma visita bacana que fizemos saindo da Ágora foi o bairro de Monastiraki que tem de um lado a igreja ortodoxa e do outro o mercado de pulgas, que é um grande mercado de rua com uma grande variedade de barracas de comida, roupas, souvenires, tudo que se possa imaginar. É um mercado bem importante na cidade e interessante de ver. Apenas preste a atenção em sua bolsa, essa parte da cidade é famosa por pequenos furtos de turistas desatentos.
Não podíamos deixar de visitar o Museu da Acrópole porque quase tudo ali é original! Estranho pensar isso, na nossa cabeça a idéia é que andar pela cidade sim seria tudo original, mas não. Desde 1975, o governo grego decidiu manter no museu todas as peças esculpidas que foram encontradas na Acrópole. Eles levaram os originais para o museu, fizeram cópias idênticas das principais e as colocaram na acrópole, nos mesmos lugares e posições que estavam antes. No segundo andar do museu tem um restaurante, praticamente aos pés da Acrópole, lindo.
Visitar o Templo de Zeus foi uma coisa que nos decepcionou um pouco. Tudo bem, é uma ruína e temos que entender isso, mas sabe quando a expectativa é tão alta por ser o Templo de Zeus e voce espera raios, nuvens e tudo mais? haha. Bom, é um lugar muito bonito mas tem muitos outros lugares mais bonitos em Atenas, mesmo assim é uma visita obrigatória.
Já o Estádio Panatenaico foi nossa visita preferida de Atenas. Ele foi o palco de realização dos primeiros Jogos Olímpicos da nossa era, em 1896. Custa 5€ a entrada com audio-guia incluso que narra cada passo do estádio. E foi nossa festa, fizemos (junto com todos os outros visitantes) volta olímpica, subimos no pódio, só alegria.
A subida ao Monte Licabeto foi a trilha estranha da nossa vida. Decidimos testar nossa força física e subir a pé, não usando o teleférico. Conseguimos, mas foi bem cansativo porque a subida não é muito adaptada para isso. Tirando isso, a vista lá de cima é incrível com a Acrópole de longe, valeu a pena. E se voce não quer essa aventura toda, suba de teleférico e para chegar à sua bilheteria, basta subir a escadaria na Rua Ploutarchou, a partir da Avenida Leof. Vassilissis Sofia. Custa 7€.
Uma praça da cidade que passamos diversas vezes, inclusive para pegar o ônibus até a praia (veja aqui como ir) é a Praça Sintagma é uma das mais populares de Atenas, além de ser a escolhida para a realização de manifestações, festas ou shows. A praça sempre está animada, cheia de gente em suas cafeterias, com vendedores ambulantes e gente passeando ou aproveitando a conexão wifi gratuita.
O saldo da visita a Atenas foi super positivo. Uma cidade pequena, agradável e cheia de história (talvez só Roma está no mesmo nível). As pessoas são muito gentis nos transportes públicos, hotéis, lojas e até nos mercados (uma grega nos ajudou a escolher várias guloseimas). As comidas são simples e saborosas, sem aquela gourmetização chata de algumas culinárias famosas e tudo com ótimos preços. Atenas passa por alguns problemas econômicos visíveis na rua, como a falta de manutenção e abandono de alguns prédios, mas isso não tira o brilho de uma cidade de extrema importância cultural e histórica. Adoramos Atenas!