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Befana

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C’era una volta… uma bruxinha italiana que ao longo dos anos, cheia de alegria, faz meias para as crianças e no dia 6 de janeiro as leva cheias de doces e presentes. Ela é a Befana, a gentil bruxa italiana!

A Befana é uma figura muito caraterística e importante do folclore italiano, super amada por crianças e adultos. Ela é uma bruxa bondosa e toda noite do dia 5, antes de ir dormir, crianças deixam suas meias penduradas, esperando seus docinhos. Essa tradição não deixa de lembrar também a tradição do Papai Noel, que dá presentes apenas para as crianças que se comportarem bem, além da meia que também remete a essa tradição e o costume das crianças esperarem ansiosas por seus presentes. E assim como no Brasil, que costumamos dizer que o ano só começa depois do carnaval, na Itália o ano só começa depois da Festa da Befana, onde dizem: L’Epifania tutte le feste porta via (A Epifania leva todas as festas embora).

A Itália, como sabemos, é um país rico de tradições, costumes e muitas superstições. E a tradição da Befana, além de lembrar do Papai Noel, lembra também o Halloween dos Estados Unidos, onde crianças fantasiadas perguntam de porta em porta: doçuras ou travessuras? Aqui, na festa da Befana, a pergunta das crianças é: doce ou carvão? Além disso, é necessário deixar a janela aberta, com uma meia vazia para ela. Assim, na virada entre os dias 5 e 6 de janeiro (Dia dos Reis) a boa velhinha enche de doces as meias das crianças que se comportaram bem no ano anterior, e aquelas que foram malcriadas e desobedientes ganham pedacinhos de carvão.

E essa crença popular tem registros muito antigos, que vamos te contar agora. Segundo a lenda, tudo começa em uma vila distante, onde morava uma jovem chamada Befana. E muito se engana quem acha que ela feia, pelo contrário, era muito bonita e tinha muitos pretendentes, mas tinha um grande defeito: mau humor. Ela sempre criticava e falava mal dos outros. Ela também nunca se casou, pois depois de conhecê-la melhor, todos os pretendentes saiam correndo imediatamente. 

Befana era muito egoísta e nunca ajudava ninguém, além de ser obcecada com limpeza. Ela sempre tinha uma vassoura na mão e a usava tão rapidamente que parecia voar sobre ela (isso te lembra alguma bruxa das nossas historinhas de infância?). Assim, sua solidão, com o passar dos anos, a deixou cada vez mais amarga e ruim, tanto que, na aldeia, começaram a chamá-la de bruxa. Ninguém na cidade se lembrava de tê-la visto sorrir um dia. E quando ela não estava limpando a casa com sua vassoura de palha, ela se sentava e tricotava meias, fazendo centenas delas. Todas para ela mesma, é claro! Befana era orgulhosa demais para admitir que precisava de um pouco de amor e era egoísta demais para dar um pouco de seu amor a alguém. Assim, os anos passaram e ela foi ficando feia e cada vez mais odiada por todos. Quanto mais ela se sentia odiada, pior e mais feia ela se tornava. 

Quando completou setenta anos, um grupo chegou a sua vila. Havia tantos camelos e tantas pessoas, mais pessoas do que em toda a sua vila. Curiosa, viu imediatamente que havia três homens vestidos suntuosamente, eram os Reis Magos que vinham do extremo oriente e acampavam na aldeia para descansar os camelos e passar a noite antes de retomar sua jornada a Belém. Era a noite entre 5 e 6 de janeiro. Befana resmungando, como sempre, sobre a estupidez das pessoas que viajam no meio do deserto em vez de ficarem em casa, começou a fazer suas meias quando ouviu uma batida na porta. Seu estômago se apertou e um arrepio percorreu sua espinha. Quem poderia ser? Ninguém nunca bateu à sua porta. Por curiosidade, abriu a porta e se viu na frente de um dos reis. Ele, muito bonito, lhe deu um grande sorriso e disse: Boa noite, senhora, posso entrar? Befana ficou paralisada, surpresa com essa situação imprevisível e, sem saber o que fazer, disse: Por favor, sente-se

O rei gentilmente pediu para dormir em sua casa naquela noite e Befana não tinha forças nem coragem para dizer não. Aquele homem era tão educado e gentil que ela que se esqueceu do seu temperamento por um momento e até se ofereceu para fazer algo para comer. O rei contou que eles iriam ver a criança que salvaria o mundo do egoísmo e da morte, levando presentes de ouro, incenso e mirra e ainda disse: Você quer vir conosco também? Eu?, Respondeu Befana. Não, não, não posso. Na realidade, ela podia, mas não queria. Ela nunca saiu de casa.

No entanto, Befana estava feliz com a pergunta do rei: Você quer dar um presente também a Ele? E durante a noite ela colocou uma de suas meias, apenas uma, onde o rei dormia, com uma nota: “para Jesus”. E de manhã, ao amanhecer, ela fingiu estar dormindo e esperou o rei sair e retomar sua jornada. Ela estava com vergonha de puxar outra conversa…

Trinta anos se passaram. Befana tinha acabado de completar cem anos. Ela estava sempre sozinha, mas agora ela não era mais má. Aquela visita inesperada, na noite anterior a 6 de janeiro, a mudou profundamente. Seus vizinhos começaram a bater na sua porta. Inicialmente, para descobrir o que o rei queria, depois pouco a pouco para ajudá-la a fazer comida e limpar a casa, já que ela estava começando a adoecer. E para cada vizinho que a visitava, Befana dava uma de suas meias. E suas meias eram lindas, bem feitas, quentinhas. Befana também começou a sorrir! 

Enquanto isso, notícias de um certo Jesus de Nazaré, nascido em Belém trinta anos antes, que realizava todo tipo de milagres, começaram a chegar. Befana percebeu que ele era aquela criança que ela não teve coragem de visitar e toda noite, lembrando, seu coração chorava de vergonha pelo simples presente que deu a Jesus: uma meia vazia! E chorando de arrependimento, continuou se tornando cada vez mais amável e gentil.

Então veio a notícia de que Jesus tinha morrido e que havia ressuscitado depois de três dias. Befana tinha então 103 anos. Ela rezava e chorava todas as noites, pedindo perdão a Jesus, e queria, acima de tudo, remediar seu egoísmo de alguma maneira. Mas então, uma noite, Jesus lhe apareceu em sonho e lhe disse: Coragem Befana! Eu te perdoo. Vou lhe dar vida e saúde por ainda muitos anos. O presente que você não veio me trazer quando eu nasci agora você levará para todas as crianças por mim. Você voará na sua vassoura de palha e levará uma meia cheia de doces e presentes para todas as crianças boas no dia 6 de janeiro. Mas por favor! Para as criança malcriadas você colocará um carvão na meia, esperando que no ano seguinte ela se comporte como uma criança generosa.

Porém, a Befana é tão bondosa que quando ela te leva um carvão, na verdade ele também é um doce. 

Deixe sempre sua janela aberta… 

E vindo para a Itália no fim de dezembro e começo de janeiro, você verá nos supermercados e lojas bonequinhos de bruxinhas a venda… é a Befana! Além de muitos doces (inclusive carvão doce comestível feito de açúcar), tudo isso para presentear as crianças. Fofo não? Buona Befana!