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Cemitério Central de Viena (Zentralfriedhof) tem mais de 3 milhões de mortos, e conta com enterros católicos, uma sessão para os protestantes e ortodoxos, além de outras religiões como muçulmana, judia e atualmente budista. Com tantas religiões nesse cemitério, houve um certo mal-estar, então as autoridades decidiram deixá-lo mais “popular”, levando mortos famosos para lá. Existe um setor dos “músicos”, onde os grandes compositores clássicos ficam lado a lado.

Túmulo Beethoven

Ludwig Van Beethoven é um deles. Nascido na Alemanha, não foi um grande músico desde criança como alguns e mudando para Viena, aperfeiçoou sua técnica a ponto de se tornar um dos maiores gênios da música clássica.

Aos 28 anos, já um consagrado compositor, começou a sentir problemas auditivos, sendo diagnosticado com uma doença degenerativa.

Sua surdez não o impediu de criar a Sinfonia n.9 (Coral) (tema do filme “Laranja Mecânica”), foi criada quando ele estava completamente surdo.

O grande compositor morreu em 1827 e foi enterrado com mais 200 mil pessoas lhe prestando homenagem no cemitério de Währing. Em 1888 foi exumado e novamente enterrado em Zentralfriedhof.

Túmulo em homenagem a Mozart em St. Marx

Wolfgang Amadeus Mozart não pode ser transferido, não se sabe a localização de seu corpo. Existem diversos mistérios sobre sua morte e as informações são vagas e confusas. O que se sabe é que Mozart morreu na madrugada de 05 de dezembro de 1791 aos 35 anos. Sua esposa Constanze foi aconselhada a gastar pouco com o enterro, eles passavam por sérios problemas financeiros. O corpo de Mozart foi levado para ser velado na capela de Santo Estêvão no dia seguinte onde houve uma forte nevasca (essa informação é desencontrada), então apenas no outro dia, dois dias após sua morte, foi enterrado como indigente. Sua condição financeira não permitiu lápide ou qualquer outra identificação. A questão é: como não se sabe sua exata localização?

Segundo costumes de época, os vienenses não costumavam acompanhar os enterros, o que explicaria a ausência da esposa, além de sua saúde debilitada, não havendo assim nenhuma testemunha. Porém, existem informações que Constanze foi no dia seguinte no cemitério, mas ninguém soube dizer onde Mozart estava. Outras informações dizem que ela foi apenas 17 anos depois visitá-lo e colocou uma cruz onde agora existe o monumento em sua homenagem no Cemitério de St. Marx.

Não sabendo a localização do corpo de Mozart, foi impossível sua transferência para Zentralfriedhof. Como não é concebível que o gênio ficasse fora do setor dedicado aos compositores, fizeram um monumento em homenagem a ele junto a Beethoven, Schubert, Strauss e Brahms.

Mozart é meu compositor preferido junto ao Beethoven, perdi as contas quantas horas passei ouvindo suas lindas composições junto a meu irmão mais velho, que é amante de música clássica como eu. Perdi as contam também quantas vezes assisti “Amadeus”, filme super antigo que retrata a vida e os infortúneos de Mozart. Imaginem a emoção quando vi seu túmulo em Viena?
Túmulo Strauss

Dinastia Strauss, renomados na arte de compor valsas estão enterrados em Zentralfriedhof. Johann Strauss (filho), o maior entre eles e autor de “Danúbio Azul”, nasceu em Viena e seu pai sempre foi contrário a sua formação musical. Quando este morre, Strauss o filho pode dedicar sua vida a música. Fez bastante sucesso em vida, sendo muito aplaudido em suas apresentações. Está enterrado entre Schubert e Brahms, junto a sua esposa Adele, o qual era extremamente apaixonado.

Franz Schubert, morto aos 31 anos de sífilis e febre tifóide, nunca conheceu a fama e o dinheiro. Suas obras, apesar de fantásticas, nunca fizeram sucesso enquanto vivo. Ele era um grande admirador de Beethoven, e se inspirou muito nele. Moravam na mesma cidade, mas nunca se encontraram. Schubert estava no enterro de Beethoven e ajudou a carregar seu caixão, e pediu para que fosse enterrado perto dele, assim aconteceu.

Túmulo Brahms

Johannes Brahms, aos 12 anos já ganhava dinheiro tocando em tavernas e festas na Alemanha, onde nasceu. Aos 15, apresentou seu primeiro concerto com peças de Beethoven, Bach e Mendelssohn, além de uma composição de sua autoria “Fantasia Sobre Uma Valsa Favorita”. O sucesso foi absoluto.

Em 1862 se muda para Viena, onde passa a maior parte de sua vida. Com grandes produções e prestígio, Brahms se torna um homem famoso e rico. Morre de câncer no fígado no ano de 1897 em Viena. Está ao lado de Strauss no Cemitério de Zentralfriedhof, junto aos outros compositores.

Esses túmulos de honra não são exclusivos dos compositores clássicos. Existe o costume de trazer restos mortais de quem inclusive não morreu na cidade de Viena. Assim, existem mais de mil túmulos de honra espalhados pelos 2,5 quilômetros de Zentralfriedhof. Achei um lugar incrivelmente interessante e com um grande peso histórico.

Fomos para Viena partindo de Milão pelo Aeroporto de Bérgamo (já falei antes desde Aeroporto, ele é uma ótima opção para viagens dentro da Itália e países perto). O vôo ao Aeroporto Internacional de Viena foi de 1h20, super rápido. De lá pegamos um trem que fica junto ao aeroporto e nos deixou na Estação Central de Viena. Custou €4,20 para cada e demorou cerca de meia hora.

Da Estação Central até nosso hotel fomos a pé, era uns 15 minutos de distância e já aproveitamos para ir conhecendo a cidade. Em Viena é possível fazer tudo a pé, o centro da cidade é bem compacto.

Tem um mercado na Estação Central de Viena, se chama Spar. Guarde essa informação porque ele abre de domingo. Praticamente nenhum mercado abre de domingo em Viena.

Viena é uma cidade linda, elegantíssima e cara! Sim, tudo é caro em Viena. Mesmo assim vale a pena, todas as comidas, doces, bebidas eram muito gostosos, e é um lugar muito bacana de conhecer.

Começamos a visita pela Catedral de Santo Estêvão (St. Stephen’s Cathedral ou Domkirche St. Stephan) que fica no coração da cidade e foi construída por cima das ruínas de uma igreja romana em 1147. Esse projeto atual é dos séculos XIV a XVI e é de estilo gótico.

Catedral de Santo Estêvão Catedral de Santo EstêvãoCatedral de Santo EstêvãoCatedral de Santo EstêvãoCatedral de Santo EstêvãoCatedral de Santo EstêvãoDetalhe de uma parede da Catedral de Santo EstêvãoVelas na Catedral de Santo Estêvão

A Catedral tem uma torre de 137 metros, e vimos essa torre de vários pontos na cidade. Subindo nessa torre se tem uma vista maravilhosa! O sino que fica pendurado nela foi fundido com os canhões que as tropas turcas deixaram ao se retirar de Viena em 1683. Esse sino caiu e foi destruído no grande incêndio que aconteceu em 1945, e os vienenses voltaram a fundir seus restos para fazer o atual sino. Existe um acesso a essa torre norte de elevador, torre que está ainda inacabada.

O telhado da Catedral é um espetáculo com mais de 250.000 azulejos e dá um ar moderno. Ele foi bem castigado durante a II Guerra, onde foi danificado e restaurado, ficando lindo como está agora.

Estavam limpando as paredes da Catedral que estavam pretas de sujeira. Achamos que elas ficavam lindas sujas e pretas, davam um tom mais dramático.

Um dos motivos que me fez querer ir muito nessa Catedral, além do Mozart ter se casado nela e depois ter acontecido seu funeral, são as Catacumbas.

A Catedral inicialmente era rodeada de cemitérios dos antigos romanos, isso era comum na época. Com a peste bubônica, em 1735 e o fechamento dos cemitérios, houve um grande problema de onde colocar os montes de corpos que chegavam.

A solução que acharam foi transferir os ossos para a parte de baixo da Catedral. Com o acúmulo de corpos a igreja chegou a ser fechada por causa do cheiro que vinha lá de baixo e chegaram a obrigar os prisioneiros a entrar e arrumar os corpos para abrir mais espaço. Entrando nas catacumbas ainda tem um cheiro meio forte, de ar parado. Ficamos imaginando o cheiro daquilo quando os mais de onze mil corpos em decomposição que ainda estão ali, estavam “frescos”.

Eu adoro catacumbas, já visitei a Igreja dos Capuchinhos em Roma e a Igreja de San Bernardino em Milão, nenhuma delas tem esse “ar parado” e as duas usam os ossos como decoração, a de Roma por exemplo faz lustres com os ossos. Já a catacumba de Viena os ossos estão literalmente jogados, se percebe que foram colocados ali as pressas.

As visitas só podem ser guiadas (o guia fala inglês e alemão no tour) e começa com as tumbas de membros da nobreza e clero. Essa parte é bem tranquila.

Depois vem uma sala cheia de caixões e caixas que contém os orgãos internos da família real Habsburgo (era considerado um privilégio desmembrar e “espalhar” sua família).

Passamos também por umas esculturas bizarras que decoravam o externo da Catedral, mas por serem de materiais mais delicados, retiraram e colocaram ali para preservar. E é aí que começa a parte macabra: salas com pilhas e pilhas de ossos humanos, paredes forradas, um buraco cheio deles, ossos quebrados, misturados, sujos. Tudo muito silencioso, úmido e escuro. Cada osso naquele lugar conta uma história e um sofrimento, a ponto de ter sido colocado ali em meio a tantos outros sem nenhuma identificação. É uma grande parte da história da cidade e da grande peste.

A visita é rápida, cerca de meia hora e não tem perigo algum visitar as catacumbas. Eles desinfetam o lugar, tem até entrada para crianças. Lógico que se você estiver com algum problema imunitário, evite por garantia. Infelizmente não tem acesso especial nas catacumbas para deficientes.

A entrada para as catacumbas fica do lado esquerdo dentro da igreja, procure a placa da imagem, que fica numa escada. Nessa placa indica o horário da próxima visita, só ficar por ali na hora, que o guia aparece e todo mundo entra para o tour. O pagamento: €6 adulto e €2,5 criança, apenas em dinheiro no final do tour.